segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Concordâncias - Série Especial


Concordâncias I

 

Sempre que nos deparamos com expressões corriqueiras em relação à concordância verbal ou nominal, temos certa dúvida, pois nunca sabemos se confiamos em nossos ouvidos ou nas aulas que tivemos. Comecemos, então, uma série de artigos sobre as nuances da concordância em um passeio pelos sentidos e pela gramática em si.

 

                Neste artigo, tratarei sobre as expressões ‘um dos que’ / ‘uma das que’; ‘qual de nós, qual de vós’ / ‘quais de nós, quais de vós’. Elas têm implicações semânticas sérias e volta e meia cai em concursos públicos. Vejamos:

  1. Um dos que / uma das que: na frase O Pão de Açúcar é uma das empresas que PARTICIPOU / PARTICIPARAM da fusão, pode-se usar qualquer uma das flexões do verbo – singular ou plural – porque a concordância semântica pode ser feita tanto com ‘uma’ quanto com ‘as empresas’. Isso se dá porque o ‘que’ da expressão é pronome relativo e está ligado ao termo antecedente. Aí mora o perigo! Qual dos termos antecedentes? ‘uma’ ou ‘das empresas’? Como se cria uma ambiguidade, a gramática permite a concordância tanto com um quanto com outro sem que se erre ou haja preferência. O sentido não se altera independente da concordância feita. O único cuidado que se deve ter em provas de concursos públicos é com a pergunta: o verbo pode ficar no singular para concordar com ‘Pão de Açúcar’. Isso é errado, pois “Pão de Açúcar’ é sujeito do verbo ser, ‘é’, na primeira oração. Sabemos que, no sentido, pode-se pensar nessa expressão como sujeito semântico, mas a questão é gramatical, em que o sujeito sintático é o pronome relativo ‘que’.
     
  2. qual de nós / qual de vós ; quais de nós / quais de vós: nas frases Depois do abaixo-assinado pronto, qual de nós o ENTREGARÁ na Coordenação? / Depois do abaixo-assinado pronto, quais de nós o ENTREGAREMOS / ENTREGARÃO na Coordenação?, a implicação semântica na primeira frase, com a expressão inicial no singular, é a de que somente uma pessoa executará a ação – qual de nós –, portanto o verbo deve ser flexionado de maneira a dar vazão a esse sentido, ficando no singular, concordando com o ‘qual’ da expressão. Na segunda frase, tem-se o plural na expressão, deixando-nos com dois sentidos possíveis: o de que, entre nós, quais irão – sem mim! –; o de que, entre nós, quais irão comigo; ou seja, entre nós, posso pensar em ir também ou não. Portanto, para demonstrar isso de maneira clara, flexiona-se o verbo. Quando se usa ‘entregaremos’, eu me incluo entre os que irão à Coordenação; quando se usa ‘entregarão’, eu me excluo entre os que irão à Coordenação, apesar de estar entre todos. A gramática não liga para qual das formas usar, mas a semântica, sim. Cuidado! Vale sempre o que se quer dizer!
     

Bons estudos a todos e cuidado!

Professor Diego Amorim.

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