sexta-feira, 8 de julho de 2011

Concordâncias III

                               Este terceiro artigo será dedicado a três casos do sujeito composto: posposto ao verbo; núcleos ligados por ‘ou’; com pessoas gramaticais diferentes. Como sabemos, sempre cai concordância e permeia sempre sobre o sujeito composto o item. Então, vejamos:

1.       Sujeito composto posposto ao verbo: no caso de anteposto ao verbo, a concordância é natural e sempre no plural para concordar com todos os núcleos. Porém, quando for posposto, a concordância pode ser feita tanto com o mais próximo núcleo ou com todos indiferentemente. Isso acontece por se criar a impressão semântica de zeugma (supressão de um termo já escrito anteriormente) do verbo depois do sujeito escrito: PASSARÃO / PASSARÁ o céu e a terra. ; MANTÊM-SE /MANTÉM-SE a correção e o sentido. Quando se tem a concordância com o mais próximo, percebe-se que o verbo se repetiria depois do sujeito: Passará o céu e a terra [passará]. Por isso, a concordância com o mais próximo é aceita na gramática.



2.       Sujeito composto com núcleos ligados por ‘ou’: há de se fazer uma separação semântica sobre este tema, porque o sentido influencia na concordância. Como já disse e digo em minhas aulas, a gramática deve se dobrar ao sentido sempre: quando houver dúvida, vá sempre pelo que privilegia o sentido em detrimento da simples regra geral, assim não se erra. Pois bem: A. ‘ou’ com valor de exclusão, verbo permanece no singular: FHC ou Lula GANHOU a eleição. / João ou Pedro FICARÁ com a vaga.; B. ‘ou’ com valor de não-exclusão (não é de soma!), verbo no plural: Reguffe ou Augusto Carvalho GANHARAM a eleição. / Português ou Direito CAEM na prova.  Assim, qualquer um dos dois pode cair na prova, pode ser que um só caia, mas pode ser que os dois caiam de uma vez. Se fosse de soma a ideia, os dois teriam de cair obrigatoriamente na prova. Não se pode substituir o ‘ou’ por ‘e’, pois muda-se o sentido. C. ‘ou’ com valor de retificação, verbo concorda com a retificação feita: Os motoristas ou o motorista FOI ELEITO para a associação. / O motorista ou os motoristas FORAM ELEITOS para a associação.



3.       Sujeito composto com pessoas gramaticais diferentes: as pessoas gramaticais são a 1ª, a 2ª e a 3ª pessoas do singular e as mesmas do plural. Quando elas se misturam no sujeito, basta que reduzamos a uma pessoa somente. Aline e tu (vós) CHEGASTES mais cedo. Tu e eu (nós) FIZEMOS tudo certo. Aline e eu (nós) SAIREMOS mais tarde. Cuidado para não achar que ‘Aline e tu’ equivale a ‘vocês’, deixando o verbo como ‘chegamos’ na primeira frase. Claro está que se a pergunta for pela linguagem amis informal, cotidiana, do dia a dia, pode-se tranquilamente dizer que Aline e tu chegaram mais cedo. Ela ficaria correta. Importante: ao se juntar esta regra com a última deste artigo, tem-se: CHEGASTES / CHEGOU Aline e tu (vós).



Professor Diego Amorim

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Concordâncias II

                No artigo de hoje, continuação da semana passada, trataremos de estudar a concordância dos verbos ‘ser’ e ‘tratar’. São verbos especiais, que sempre caem em concursos. Ora sobre seu significado, ora sobre seu uso gramatical. Vejamos:

1.       Ser: geralmente, tem-se um montão de regras acerca desse verbo, mas basta que saibamos ler para que concordemos, de maneira adequada e correta, o verbo ‘ser’. A principal forma de variar o ‘ser’ é com a pessoa/pronome pessoal. Quando a frase contiver pessoa/pronome pessoal, concorda-se com ele: Aline SERÁ ilusões na sua vida. / Ilusão SERÃO elas na sua vida. Quando não aparecer na frase nem pessoa nem pronome pessoal, a concordância pode ser feita gramaticalmente com qualquer um dos elementos: Tudo SERÁ / SERÃO flores. / Modernidade É / SÃO instituições sólidas. Porém, lembremos que, ao concordar o verbo com qualquer um dos elementos, dá-se a este elemento ênfase. Quando se quer destacar um termo, concorda-se com ele. Assim, Tudo serão flores., destaca-se ‘flores’; Tudo será flores., destaca-se ‘tudo’.Obs.: até mesmo em relação a horas, ou a dia, ou mesmo a distância, essa regrinha funciona: SÃO 25 km até lá. / É 1h. / ERAM 18h, quando chegou. / Hoje É dia 20. / Hoje SÃO 20. Nestas frases, como não há pessoa nem pronome pessoal, nem mesmo outro elementos com quem concordar, concorda-se com o numeral que está na frase.



2.       Tratar: as formas esquisitas de concordância com esse verbo são as em que ele se junta com o pronome SE. São três as formas de aparecerem juntos: com o SE sendo partícula apassivadora (PA), sendo índice de indeterminação do sujeito (IIS), e sendo parte integrante do verbo (PIV). Como Jack, o estripador, por partes: A. (PA), para ser apassivador – com o sentido de curar, sanar, dar tratamento –, o SE deve-se ligar a verbos transitivos diretos, com o sujeito sofrendo a ação verbal, portanto o verbo concordará com o sujeito paciente: Tratam-se males de amor!. Aqui o sujeito é ‘males de amor’, com quem o verbo concorda; B. (IIS), para indeterminar o sujeito – com o sentido de dar tratamento, cuidar –, o SE deve-se ligar a verbos que não sejam transitivos diretos (VI, VTI, VL, VTD+OD PREP.), então p verbo ficará no singular por não aparecer o sujeito na oração em si: Trata-se dos males de amor! Aqui o sujeito é indeterminado e ‘dos males de amor’ é objeto indireto do verbo ‘tratar’ (VTI); C. (PIV), para que o SE seja parte integrante do verbo, ele deve ser conjugado com o verbo e não ter função alguma na oração, deixando o verbo no singular por não ter sujeito: Trata-se de assuntos de suma importância. Aqui, como não há sujeito, o verbo é impessoal, sem flexão, sempre usado na 3ª pessoa do singular. Lembre: o verbo não é ‘tratar’ e sim ‘tratar-se’, com o SE sendo parte integrante desse verbo, assim como: referir-se, sentar-se, encaminhar-se, aproximar-se.

O sentido diz tudo nesse caso do verbo ‘tratar’, pois ele diferencia o uso de trata-se de doenças. (sentido de tratamento, cura da doença) e Trata-se de doenças. (sentido de referir-se a doenças).

Fique atento! Estudem muito e estamos sempre juntos!

Professor Diego Amorim

terça-feira, 5 de julho de 2011

Concordâncias I

Concordâncias I



Sempre que nos deparamos com expressões corriqueiras em relação à concordância verbal ou nominal, temos certa dúvida, pois nunca sabemos se confiamos em nossos ouvidos ou nas aulas que tivemos. Comecemos, então, uma série de artigos sobre as nuances da concordância em um passeio pelos sentidos e pela gramática em si.



                Neste artigo, tratarei sobre as expressões ‘um dos que’ / ‘uma das que’; ‘qual de nós, qual de vós’ / ‘quais de nós, quais de vós’. Elas têm implicações semânticas sérias e volta e meia cai em concursos públicos. Vejamos:

1.       Um dos que / uma das que: na frase O Pão de Açúcar é uma das empresas que PARTICIPOU / PARTICIPARAM da fusão, pode-se usar qualquer uma das flexões do verbo – singular ou plural – porque a concordância semântica pode ser feita tanto com ‘uma’ quanto com ‘as empresas’. Isso se dá porque o ‘que’ da expressão é pronome relativo e está ligado ao termo antecedente. Aí mora o perigo! Qual dos termos antecedentes? ‘uma’ ou ‘das empresas’? Como se cria uma ambiguidade, a gramática permite a concordância tanto com um quanto com outro sem que se erre ou haja preferência. O sentido não se altera independente da concordância feita. O único cuidado que se deve ter em provas de concursos públicos é com a pergunta: o verbo pode ficar no singular para concordar com ‘Pão de Açúcar’. Isso é errado, pois “Pão de Açúcar’ é sujeito do verbo ser, ‘é’, na primeira oração. Sabemos que, no sentido, pode-se pensar nessa expressão como sujeito semântico, mas a questão é gramatical, em que o sujeito sintático é o pronome relativo ‘que’.



2.       qual de nós / qual de vós ; quais de nós / quais de vós: nas frases Depois do abaixo-assinado pronto, qual de nós o ENTREGARÁ na Coordenação? / Depois do abaixo-assinado pronto, quais de nós o ENTREGAREMOS / ENTREGARÃO na Coordenação?, a implicação semântica na primeira frase, com a expressão inicial no singular, é a de que somente uma pessoa executará a ação – qual de nós –, portanto o verbo deve ser flexionado de maneira a dar vazão a esse sentido, ficando no singular, concordando com o ‘qual’ da expressão. Na segunda frase, tem-se o plural na expressão, deixando-nos com dois sentidos possíveis: o de que, entre nós, quais irão – sem mim! –; o de que, entre nós, quais irão comigo; ou seja, entre nós, posso pensar em ir também ou não. Portanto, para demonstrar isso de maneira clara, flexiona-se o verbo. Quando se usa ‘entregaremos’, eu me incluo entre os que irão à Coordenação; quando se usa ‘entregarão’, eu me excluo entre os que irão à Coordenação, apesar de estar entre todos. A gramática não liga para qual das formas usar, mas a semântica, sim. Cuidado! Vale sempre o que se quer dizer!



Bons estudos a todos e cuidado!

Professor Diego Amorim.