Manual para uma boa redação
Sempre há
questionamentos sobre como escrever bem, de uma maneira segura e confiável.
Pois bem, poderemos seguir alguns passos para organizar nossos pensamentos e
confeccionar uma redação de excelência. São oito passos que, se bem seguidos,
serão de muita valia a seus estudos.
1º Direto ao tema da Redação
Leia o tema
da redação em primeiro lugar. Nenhum dos textos da prova ajuda a entender as
nuances do tema. Pode até ser que haja uma espécie de linha condutora para a
prova – por exemplo: ética –, porém em nada os textos podem ajudar. Primeiro,
porque não se pode usar trecho ou frases do texto em si; segundo, porque eles
podem até mesmo atrapalhar, confundindo o candidato quanto à correção da
premissa utilizada. A leitura do tema faz com que nossa cabeça comece a pensar
o que sabemos sobre aquele determinado assunto. Assim, as ideias aparecem com
toda a força. Umas boas, outras nem tanto. Nesse momento, precisaremos da
segunda etapa.
2º Jogando ideias no Papel
Anote todas
as ideias que aparecerem na sua cabeça ao pensar sobre o tema, não deixe nada
de fora. Isso, na publicidade, na administração, chama-se brain storm
– chuva de ideias, em uma tradução mais livre. Nessa etapa, as ideias
estarão desordenadas e parecerão não ter algo em comum. Agora é a hora da 3ª
etapa.
3º Organizando as ideias do texto
Procure
pontos em comum que possam unir vários desses tópicos elencados para fazer
parte de um parágrafo; e outros elementos que possam se juntar em outro
parágrafo. O mínimo de parágrafos de desenvolvimento de um texto é dois. Três
parágrafos são ideais.
Há tipos conhecidos de organização e muito utilizados em textos dissertativos. Desenvolvimento por:
•
causa/consequência/solução: em que se apontam as causas do problema apresentado
e as consequências de tal problema; expor as soluções pode ser uma
opção/conclusão boa a esse tipo de texto.
•
comparação/contraste: consiste em apresentar os contrastes do tema proposto e
compará-lo a outro tópico relacionado.
• alusão
histórica: neste desenvolvimento, faz-se um histórico sobre o tema com as
qualidades ou os defeitos do problema apresentado.
•
detalhamento/exemplificação: dá-se quando o texto é construído com exemplos e
detalhes daquilo que se quer dizer; chega-se a se confundir comum texto
descritivo, mas ainda serve para defender a tese em questão. Este tipo é muito
comum em texto em que se têm de dizer os prazos de prescrição de leis e
comissões, por exemplo.
•
conceituação: há temas que exigem conceitos de tratamentos, leis, fundamentos,
assim este tipo de texto serve muito bem. Geralmente, em temas de saúde se pede
bastante tal tipo de desenvolvimento.
•
explicação/afirmação: de longe o mais utilizado dos tipos de desenvolvimento,
este deve apontar as afirmações sobre o tema, reforçando a verdade dos fatos
escolhidos para embasar a tese. Temas mais atuais se utilizam deste tipo de
texto para que se perceba a acuidade do escritor quanto à formulação de
assertivas/premissas verdadeiras.
Existem outros tantos tipos de desenvolvimento, porém, menos utilizados em provas de concursos.
Devemos nos lembrar de que há possibilidade de se escrever em parágrafos de um mesmo texto com tipos de construção diferentes. Então, posso ter o primeiro parágrafo de um texto construído por exemplificação e outro por comparação e contraste. Para isso, contudo, deve-se dominar bem a arte de escrever para que não se caia em erro de coesão. Agora que sabemos construir um pensamento bem estruturado, pelo menos em conceito, podemos partir para as outras etapas da redação de excelência.
4º Tecendo o desenvolvimento
Chegou a
hora de colocar a mão na massa, ou melhor – na caneta!
Começa-se a escrever o texto pelo desenvolvimento – afinal de contas, ele já está pronto, pois a própria divisão dos assuntos será a divisão dos parágrafos. A razão por que devemos escrever o desenvolvimento antes da introdução é simples. O parágrafo de introdução consiste em apresentar o texto ao leitor – no nosso caso, o examinador do concurso–, de maneira abrangente om uma linguagem geral. Sendo assim, como escrever um parágrafo para apresentar algo, se nada temos escrito ainda? Já o desenvolvimento está sendo construído em nossa mente desde o momento em que lemos o tema da redação, passando pela exposição das ideias e terminando na organização dessas ideias.
5º Tecendo a introdução de um texto
Para
escrever a introdução de um texto dissertativo, é necessário que se faça um
resumo dos parágrafos do desenvolvimento. A introdução deve conter o assunto e
a tese a serem analisados, a exposição clara e objetiva dos argumentos que
serão explicados e o que se pode esperar da conclusão do texto.
6º Tecendo a conclusão dos parágrafos
A conclusão
talvez seja o mais difícil dos parágrafos a ser escrito. Sendo o último,
fatalmente corre-se o risco de ser redundante, repetitivo, quando da sua
confecção.
Para que
isso não aconteça, basta que se escreva um parágrafo com olhos para o futuro,
ou seja, com indicação de soluções ao que se tenha apresentado saídas para o
que se expôs como problemas.
7º Fazendo a prova Objetiva
Depois de
fazer o rascunho da redação, com tudo escrito e bem marcado a cada parágrafo,
deve-se fazer a prova objetiva. Começa-se pela matéria que mais se sabe, em
ordem decrescente, deve-se fazer a prova toda. Depois, ainda se devem passar
para o gabarito definitivo as respostas.
Essa etapa é
de suma importância. Com ela, consegue-se o distanciamento necessário para que
o cérebro tenha o descanso adequado. Assim, a correção dos pequenos equívocos
que podem ter ocorrido na hora de escrever o texto. Quando se lê o texto no
mesmo momento em que se escreve, apenas se lembra o que fora escrito e não se
lê efetivamente. Coma prova objetiva feita, as matérias relembradas fazem com
que se esqueça a escrita. Os erros gramaticais têm tirado muitos candidatos
bons da competição, por décimos!
8º Passando a limpo a Redação
Passe a
limpo sua redação, escrevendo-a com uma letra que deve ser legível. Não se
preocupe com seu tipo de letra, seja ele qual for, atente apenas para sua
legibilidade.
Com cuidado,
corrija os possíveis escorregões que se tenham cometido. Principalmente de
clareza e objetividade. Não reescreva nenhum parágrafo, não refaça ou queira
inserir um argumento para o texto. O momento de organização já passou e você
foi muito coerente com ele, não é mesmo?
Esses são os
oito passos para se redigir um excelente texto. Contudo, algumas dicas são
necessárias para diferenciar o modo de correção das bancas. Exceto o CESPE,
todas as outras bancas exigem uma redação discursiva completa: com introdução, desenvolvimento
e conclusão.
E o CESPE
não exige isso tudo? Não. O CESPE, em noventa e nove por cento dos comandos,
solicita que se disserte sobre três tópicos, já determinando, assim, os
parágrafos do desenvolvimento. Anos de experiência me permitem afirmar que não
se precisa de introdução nem de conclusão quando se solicitam os tópicos. Basta
que – de maneira organizada, clara e objetiva – se façam as explanações
necessárias acerca de cada tópico.
Cada tópico em seu parágrafo.
A última
dica é sobre a escrita do parágrafo em si. O que deve compor um parágrafo para
que ele esteja completo é a mesma estrutura de uma redação completa:
introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução do parágrafo, deve-se
apresentar o assunto do parágrafo que se escreve, de forma mais clara e
objetiva possível. No desenvolvimento do parágrafo, deve-se explicar apenas o
assunto de que se trata, de maneira completa e específica. E, por fim, na
conclusão do parágrafo, pode-se tanto fechar a ideia tratada quanto unir o
parágrafo em questão ao próximo.
As dicas
deste artigo visam a orientar o candidato para a confecção do bom texto. São
sugestões a serem seguidas e de comprovado sucesso nos certames mais difíceis
do país. Portanto, aproveite, treine bastante, exercite seu cérebro, faça
bastantes redações e peça orientação profissional para aparar as arestas
restantes. Lembre-se de que conteúdo + técnica = redação de excelência.
Escreva!
Diego Amorim é Professor de Língua Portuguesa, Redação Oficial e Redação Discursiva da rede LFG e do Gran Cursos; Consultor linguístico de empresa e instrutor de redação em órgãos públicos.