sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

CURSO DE REDAÇÃO DISCURSIVA PARA O SENADO
CARGA-HORÁRIA: 20 H/A

REDAÇÕES CORRIGIDAS: 4 (QUATRO)

LOCAL: SIG

INÍCIO: 19/2/11     

HORÁRIO/DIA: SÁBADO – NOTURNO –DAS 18H ÀS 21H35
  
 CRONOGRAMA:
AULA: MACROESTRUTURA E CONFECÇÃO DA 1ª REDAÇÃO
AULA: MICROESTRUTURA E CONFECÇÃO DA 2ª REDAÇÃO
AULA: TIPOS DE INTRODUÇÃO/DESENVOLVIMENTO/CONCLUSÃO E CONFECÇÃO DA 3ª REDAÇÃO
AULA: ANÁLISE DE TEXTOS DISSERTATIVOS / CONSIDERAÇÕES ESTRUTURAIS

domingo, 23 de janeiro de 2011

Regência formal ou moderna? Eis a questão!


Os estudos das regências verbal e nominal é um carma para os concursandos. Isso se dá por haver duas maneiras básicas para se resolver questões de provas de regência , principalmente a verbal. Uma delas é a formal, aquela que faz uso da gramática normativa para se avaliar o quesito; a outra é a maneira informal, de uma gramática mais moderna, mais voltada à fluência do texto, sem deixar de lado o entendimento claro e preciso.
                        Chamar um termo de regente significa dizer que ele comanda, manda em outro, pede outro termo para se completar seu sentido e sua semântica. Sendo assim, dá-se o nome de regido ao termo que fora solicitado pelo outro: quando o termo regente é um verbo, chamamos de regência verbal; quando é um nome que pede, regência nominal. Algumas gramáticas e provas – como Fundação Carlos
Chagas, Cetro, Funiversa – quando pede a regência de um verbo o faz em nome da transitividade verbal – para saber se trata-se de verbo transitivo, intransitivo ou mesmo de ligação.
                        Na análise formal, o verbo ‘precisar’, no sentido de ser necessário, é transitivo indireto e pede a preposição ‘de’ para seu complemento. Então, para uma frase como Precisamos de governos mais decentes., a preposição está presente e não se tem problemas. Porém, na frase Precisamos ajudar as pessoas., nem se nota a falta da preposição que a gramática normativa exige que se coloque. Aliás, ao colocarmos a preposição, temos a séria impressão de que erramos a frase. Precisamos de ajudar as pessoas.
                        Mas será que está correto para uma prova usar esse tipo de construção, sem preposição obrigatória? O que as provas consideram certo? Bem, vamos a elas! Quando não se alteram o sentido e a correção gramatical, é perfeitamente natural a retirada da preposição pedida por um verbo ou um nome. Isso recebe até um nome famoso: elipse, termo elíptico. Na prova do CESPE para o Tribunal de Contas da União – TCU –, a banca perguntou exatamente sobre a retirada da preposição dizendo que ela seria obrigatória para a correção gramatical do texto e sua coerência.
                        Num período: O governo necessita de que os cidadãos se conscientizem., a preposição ‘de’ pode ser retirada sem que se alterem a correção e o sentido do texto. Assim como se o período estivesse escrito O governo tem necessidade de que os cidadãos se conscientizem., a retirada da preposição pedida pelo nome ‘necessidade’ não alteraria sua semântica nem sua correção.
                        Contudo, não se deve tomar como regra o fato de se retirar do texto a preposição, pois há construções frásicas em que não se permite a supressão por alterar o sentido do texto. Em A certeza de que os alunos passarão é enorme., assim escrita dá-se a ideia de que ‘os alunos passarão’ é a certeza que se tem; mas, se retirarmos a preposição, teremos a ideia de que ‘os alunos passarão’ alguma certeza e ela será enorme.
                        Há muitos outros exemplos que se pode ter em provas de concursos púbicos sobre a regência de verbos e de nomes. Os candidatos a uma vaga no serviço público devem ter em mente que o entendimento do que se pergunta é tão importante quanto o conhecimento do assunto. E quanto ao fato de se utilizar o recurso formal ou o moderno para se analisar uma questão, fica a dica: sempre o comando da questão deixa claro o que ela quer, seja dentro da normal culta, seja uma mera alteração de sentido, ou das relações semânticas do texto. Deixando claro isso, basta responder exatamente ao que se pede e como se pede.

NÓS DA LÍNGUA


Convivemos com muitas palavras diferentes todos os dias. Seja quando lemos, seja quando conversamos, sempre estamos à mercê de encontros indesejáveis ou mesmo embaraçosos com vocábulos esquisitos. Ir ao dicionário quando surge uma dúvida nem pensar! Geralmente o contexto resolve mesmo. Porém, essa não-ida ao pai dos inteligentes – pois só quem o consulta é deveras sábio – pode custar caro. Para quem estuda para concursos, então, pode custar uma carreira. Entender o significado de algumas palavras é primordial para o sucesso, porque sem elas, às vezes, não se sabe sequer o que o comando da questão pede, por exemplo.
Vejamos alguns léxicos problemáticos na hora de se fazer uma prova:

1.      Elemento Dêitico – dêixis significa contexto. Toda vez em que se necessita de um conjunto de palavras ou expressões (expressões dêiticas) que têm como função ‘apontar’ para o contexto situacional. Deste modo, essas palavras ou expressões, ao serem utilizadas num discurso, adquirem um novo significado, uma vez que o seu referente depende do contexto do interlocutor. Portanto, quando se precisa da bagagem cultural do leitor para que se compreenda além do texto. Vamos ao exemplo: em “Minha terra tem palmeiras/Onde canta o sabiá/As aves que aqui gorjeiam/Não gorjeiam como lá.” (Canção do Exílio, de Gonçalves Dias) aqui e lá não dependem do leitor para que se entenda o texto em si, porém, para que se possam precisar os lugares a que se referem os advérbios, há de se ter um conhecimento prévio da situação do texto, seu contexto, sua história. Temos aí, nesses advérbios, elementos dêiticos.

Como estamos tratando de interpretação de texto nesta coluna, não poderíamos deixar de mencionar a diferença entre inferir e afirmar.

2.      Inferir – significa supor, deduzir a partir do texto. Não podemos considerar que não dependemos do texto para inferirmos algo, pois ele é nosso ponto de partida para interpretação. Pensa-se em inferência como uma situação de independência do texto, porém se precisa dele assim como na afirmação. Em um texto cobrado em prova de concurso, banca CESPE, contou-se a seguinte história: “Um homem da cidade, executivo, apostador, dirigiu-se a um sítio perto da cidade para participar de uma rinha de galo. Chegando lá, procurou um lugar para se encostar e perguntou para um matuto: – Qual é o galo bom? O branco ou o vermelho? E o matuto respondeu: – O galo bom é o branco. O homem da cidade apostou tudo no galo branco. Quando a luta começou, o galo branco só apanhava. O homem desesperado procurou o matuto: – Você não disse que o galo bom é o branco?, perguntou. – O galo bom é o branco, mas o vermelho é ruim que faz dó.” A prova perguntava se acaso se podia inferir do texto que o matuto queria enganar o homem da cidade. Outra pergunta, logo após, versava sobre o fato de poder afirmar que o matuto tinha intenção de enganar o homem da cidade. Sabemos que se pode inferir a intenção do matuto pela situação exposta no contexto, mas afirmar tal intenção já não se pode.
3.      Afirmar – significa confirmar no e com o texto. Precisa-se do texto, literalmente, para que se afirme algo sobre ele. Exemplo, em “Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver”, não posso afirmar que o motivo de se fazer noite no viver dele seja o fato de você haver ido embora. Isso podemos inferir, mas não afirmar. Afirmar somente que no momento em que você foi embora, fez-se noite seu viver. Portanto, se está escrito, mesmo que com outras palavras, poderemos afirmar algo, mas para inferir necessitaremos de algo a mais, o contexto.
4.      em princípio, a princípio – a grande maioria dos falantes não distingue uma expressão da outra. No entanto, em princípio significa em tese, teoricamente, enquanto a princípio é sinônimo de inicialmente, no começo, no princípio, exemplos: Em princípio, todo homem é igual perante a lei. O contrato deverá, em princípio, ser renovado no ano que vem. Em princípio, eu não irei à festa. Se eu mudar de idéia, telefono. 2. A princípio, eles acharam a proposta ridícula. Depois terminaram aceitando. A princípio, tudo eram trevas.
Sobre relações morfossintáticas, recurso estilístico-sintático de referência por elipse e outras frases maravilhosas que costumam passear pelos comandos provas de concursos, trataremos na próxima edição. Preparem-se que vem mais expressões esquisitas. Estudem. Esmerem-se. Passem.