PROFESSOR


Regência formal ou moderna? Eis a questão!

                        Os estudos das regências verbal e nominal é um carma para os concursandos. Isso se dá por haver duas maneiras básicas para se resolver questões de provas de regência , principalmente a verbal. Uma delas é a formal, aquela que faz uso da gramática normativa para se avaliar o quesito; a outra é a maneira informal, de uma gramática mais moderna, mais voltada à fluência do texto, sem deixar de lado o entendimento claro e preciso.
                        Chamar um termo de regente significa dizer que ele comanda, manda em outro, pede outro termo para se completar seu sentido e sua semântica. Sendo assim, dá-se o nome de regido ao termo que fora solicitado pelo outro: quando o termo regente é um verbo, chamamos de regência verbal; quando é um nome que pede, regência nominal. Algumas gramáticas e provas – como Fundação Carlos
Chagas, Cetro, Funiversa – quando pede a regência de um verbo o faz em nome da transitividade verbal – para saber se trata-se de verbo transitivo, intransitivo ou mesmo de ligação.
                        Na análise formal, o verbo ‘precisar’, no sentido de ser necessário, é transitivo indireto e pede a preposição ‘de’ para seu complemento. Então, para uma frase como Precisamos de governos mais decentes., a preposição está presente e não se tem problemas. Porém, na frase Precisamos ajudar as pessoas., nem se nota a falta da preposição que a gramática normativa exige que se coloque. Aliás, ao colocarmos a preposição, temos a séria impressão de que erramos a frase. Precisamos de ajudar as pessoas.
                        Mas será que está correto para uma prova usar esse tipo de construção, sem preposição obrigatória? O que as provas consideram certo? Bem, vamos a elas! Quando não se alteram o sentido e a correção gramatical, é perfeitamente natural a retirada da preposição pedida por um verbo ou um nome. Isso recebe até um nome famoso: elipse, termo elíptico. Na prova do CESPE para o Tribunal de Contas da União – TCU –, a banca perguntou exatamente sobre a retirada da preposição dizendo que ela seria obrigatória para a correção gramatical do texto e sua coerência.
                        Num período: O governo necessita de que os cidadãos se conscientizem., a preposição ‘de’ pode ser retirada sem que se alterem a correção e o sentido do texto. Assim como se o período estivesse escrito O governo tem necessidade de que os cidadãos se conscientizem., a retirada da preposição pedida pelo nome ‘necessidade’ não alteraria sua semântica nem sua correção.
                        Contudo, não se deve tomar como regra o fato de se retirar do texto a preposição, pois há construções frásicas em que não se permite a supressão por alterar o sentido do texto. Em A certeza de que os alunos passarão é enorme., assim escrita dá-se a ideia de que ‘os alunos passarão’ é a certeza que se tem; mas, se retirarmos a preposição, teremos a ideia de que ‘os alunos passarão’ alguma certeza e ela será enorme.
                        Há muitos outros exemplos que se pode ter em provas de concursos púbicos sobre a regência de verbos e de nomes. Os candidatos a uma vaga no serviço público deve ter em mente que o entendimento do que se pergunta é tão importante quanto o conhecimento do assunto. E quanto ao fato de se utilizar o recurso formal ou o moderno para se analisar uma questão, fica a dica: sempre o comando da questão deixa claro o que ela quer, seja dentro da normal culta, seja uma mera alteração de sentido, ou das relações semânticas do texto. Deixando claro isso, basta responder exatamente ao que se pede e como se pede.
Professor Diego Amorim