quinta-feira, 21 de abril de 2011


terça-feira, 19 de abril de 2011

Coloquemos o pronome em seu lugar!



                        Saber colocar os pronomes no lugar certo em relação ao verbo é uma das situações mais ruins do português. Chama-se colocação pronominal tal matéria.

                        O problema fica por conta de existirem várias as formas de uso: antes do verbo – próclise –, no meio do verbo – mesóclise –, depois do verbo – ênclise.

                        Tratarei, então, de alguns temas espinhosos do dia a dia acerca desse assunto.

                        Vamos às frases:

                        Me coloco à disposição para qualquer esclarecimento.

                        Não encaminhará-se nenhum documento em junho.

                        Em tratando-se de documentação, disponibilizaremo-la em breve.

                        O primeiro exemplo, muito comum em comunicações oficias (que acaba sendo uma expressão prolixa, pois, por ser servidor, está-se sempre à disposição), esteve presente no Fantástico, com Max Gehringer, quando da confecção de um curriculum.

                        O erro está em que – desculpe o jargão, depois o corrijo – não se começa frase com o pronome átono. Essa é a regra que se encontra nas gramáticas. Eles dizem ser mais fácil de se entender. Porém, a realidade está no fato de que, para um pronome estar antes do verbo, ele precisa de algo que o puxe, uma palavra atrativa, um fator de próclise. Estando no começo da frase, esse fator não existe, causando o erro.

                        Portanto, a frase correta é: Coloco-me à disposição para qualquer esclarecimento.

                        Na dúvida:  Estou à disposição para qualquer esclarecimento. Contudo, bom mesmo é nem usar essa expressão. Tenha certeza de que todos que receberão seu documento – seja ele um ofício ou mesmo um curriculum – procurarão você se houver qualquer questionamento a fazer.

                        Na segunda sentença, o equívoco está no fato de que uma palavra negativa funciona como uma atração, um fator de próclise, portanto puxa o pronome para si. Na verdade, o fato de a palavra negativa ser um advérbio é o que a torna um fator de próclise.

                        Portanto, a frase estaria correta se escrita: Não se encaminhará nenhum documento em junho.

                        Pode até surgir uma dúvida: e o verbo no futuro não me obriga a usar mesóclise, o pronome no meio do verbo?

                        Olha só: para haver mesóclise, não pode haver fator de atração, pois assim, por razões óbvias (a atração do pronome), teremos de escrever em próclise. Agora, sem o ‘Não’, a frase ficaria assim: Encaminhar-se-á o documento em junho.

                        Muito bem! No terceiro momento, o equívoco se dá em dois momentos. No caso em que se tem na expressão ‘em+gerúndio’, deve usar a próclise. Agora, no caso em que se tem futuro no verbo e não há fator de atração, deve-se escrever em mesóclise – atente para o fato de que, no português do Brasil, não se tem na mesóclise algo bem visto, ou melhor, ‘bem usado’.

Portanto, a frase fica assim: Em se tratando de documentação, disponibilizá-la-emos em breve.

Fica a dica: na dúvida, sempre reescreva a frase de modo a que ela esteja correta. Pronto. Assim, escreve-se bem.

Prof. Diego Amorim