terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não fuja da redação!

                        Mais um concurso com redação! Não há como fugir dessa nova tendência em certames públicos. A redação é fator dominante entre os avaliadores sobre a postura do candidato e sua organização mental. Os pretendentes a cargos públicos ou aprendem a escrever com clareza, concisão e precisão conteudística ou não sonharão mais com cargos de excelência no serviço público.
                        Exigir que se escreva uma redação discursiva em um concurso tornou-se corriqueiro. As provas, inclusive as de nível médio, pedem que se disserte sobre temas variados da atualidade – mais presentes nestes certames – ou mesmo sobre temas específicos de conhecimentos restritos como A.F.O. – Administração Financeira e Orçamentária –, Lei 8.112/90, Gestão de Pessoas – mais solicitados nos de nível superior.
                        Essa cobrança se dá pelo fato de que a redação demonstra o quanto o candidato está preparado para concatenar suas ideias. A organização mental é de fundamental importância em qualquer atividade a que se propõe, principalmente, quando se exigem tomadas de decisão, julgamentos, ações que impliquem recursos financeiros, de pessoal. Como avaliar isso tudo no candidato com questões objetivas?
                        As provas subjetivas – redação discursiva – são a melhor maneira de avaliação mental. A Polícia Federal já possui em seus quadros especialistas em análises lexicográficas comportamentais, análise técnica de personalidade e conduta baseada na escrita. Não! Não disse que eles avaliarão sua conduta por meio da sua redação! Não seja neurótico! Apenas é um bom exemplo da importância da escrita.
                        A escrita pressupõe exposição de ideias acerca de qualquer assunto, mas que seja de maneira clara, objetiva e correta. Não basta ser organizado na sua estrutura textual para se obter boa nota na prova. Somado a isso, deve-se ser claro, expor ideias com uma transparência tal que qualquer público possa ter acesso ao conteúdo tratado – mesmo nas redações em que se exigem conhecimentos técnicos.
                        A objetividade também conta pontos preciosos, pois não deixa que se fuja do tema, na medida em que se expressa apenas acerca do que fora proposto e nada mais. Tudo em excesso, no caso da discursiva, faz mal. Porém, ser apenas objetivo, claro e estruturalmente perfeito não garante nota alta, é preciso atentar para a correção das informações prestadas.
                        O conteúdo deve estar correto. O que se diz tem de condizer com a verdade dos fatos – seja sobre leis, doutrinas, especificidades, citações, seja sobre fatos da atualidade. Não precisa ser aprofundado em tudo – isso inclusive mais atrapalha do que ajuda na ânsia de tratar de tudo, acaba-se esquecendo os outros princípios: clareza, concisão, organização. Ser superficial não significa não saber do assunto. Significa apenas que se abrangerá o tema de uma maneira geral, cabendo a aplicação do está sendo a todas as instâncias de pensamento.
                        Escrever para concurso público não é uma arte. É trabalho mental de construção linguística. 100% transpiração. Nada de inspiração. Portanto, ler muito sobre os temas atuais em revistas semanais; estudar com afinco as matérias específicas para saber de maneira correta os conteúdos; arrumar um tempo para fazer redações frequentemente – pois elas fazem parte de seus momentos de estudo –; procurar auxílio de profissionais experientes para orientar e corrigir as produções são dicas importantes que todo concurseiro deve seguir. Não fuja da redação, domine a técnica e seja um excelente servidor público.
                        Que tal agora uma dicas para se escrever um bom texto na sua prova de concurso ou mesmo para seu trabalho? Vamos lá! Em primeiro lugar, você deve ler o tema com bastante atenção, anotando as palavras-chave presentes nele e separando as macroideias – chamemos assim – que você tem na cabeça. Geralmente o tema, quando é apenas uma frase, traz em si mesmo a separação dos argumentos de que precisa para o desenvolvimento. Em “Cidadão consciente é aquele que, capaz de exercer seus direitos, cumpre também com seus deveres.”, o examinador deu a deixa de se montar o texto em dois parágrafos de desenvolvimento distribuídos em “os direitos” e “os deveres”. Nunca se esquecendo de focar no cidadão consciente e nas eleições, pois o comando assim pedia.
                        Depois de anotar e separar as ideias que se têm acerca do tema lido, é hora de escrever as idéias secundárias que darão corpo às macroideias. Assim se obtêm frases, palavras, expressões, que não nos fugirão da cabeça na hora de escrever o texto. Portanto, se você pensou uma macroideia como “direitos garantidos pela Constituição”, você poderia pensar como microideias: diretos fundamentais; direito ao voto; Ministério Público da União como o garantidor de direitos etc.
                        Chegou a hora de escrever. Tudo está separado por parágrafo, por idéia, o que escrever em cada desenvolvimento com argumento para o tema central. Então, o primeiro parágrafo que escrevemos é a introdução, certo? Errado! Como começar a escrever por um parágrafo que tem por definição ser o apresentador do texto como um todo? Como escrever a introdução, se não temos texto? Por isso, passamos minutos preciosos olhando para a folha em branco tentando que se brote, por geração espontânea, o parágrafo.
                        Comecemos pelo parágrafo que está esquematizado, separado, cheio de ideias, esperando somente virarem um texto. Comecemos, então, pelo desenvolvimento. Explica-se com objetividade, clareza, o argumento daquele parágrafo em si. Nada de se misturarem argumentos no mesmo parágrafo! Cada um no seu parágrafo. Mesmo que sejam concomitantes, não vale a pena mesclar assuntos, porque o examinador quererá ver cada um no seu lugar.
                        Depois de escritos os parágrafos de desenvolvimento, escolhemos escrever a conclusão. Parágrafo dos mais difíceis, pois já se disse tudo e deve-se dizer ainda mais do mesmo. Porém, quando se têm “soluções” para se apresentar, fica tudo mais fácil. Para o examinador, além de expor problemas, você ainda trará as soluções para o tema. Lembremo-nos somente de que não se deve explicar nada no parágrafo de conclusão. Lugar de explicação é no desenvolvimento. Apenas se expõem algumas possíveis soluções para o problema.
                        Tudo pronto. Falta o parágrafo de introdução. Ele reúne todas as informações explicadas e expostas no texto. Com uma linguagem abrangente, deve-se, no primeiro período, colocar o assunto e a tese sobre o tema. Nos seguintes, expõem-se os argumentos que serão tratados. No último período da introdução, deve-se deixar a entender que se falará sobre soluções.
                        Um último detalhe! Cada parágrafo, independente de qual natureza for, deve ser escrito com o seguinte esquema: o primeiro período contém as informações a serem tratadas no parágrafo; o segundo período deve conter as explicações de cada argumento – no caso de desenvolvimento –, e a exposição deles – no caso dos parágrafos de introdução e conclusão; no último período, escreve-se a ligação com o próximo assunto – no caso do desenvolvimento – e a ligação com a conclusão – no caso da introdução.
                        Agora é só concentração e caneta ativa. Boa sorte! Professor Diego Amorim

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